Estratégia é bastante difundida, mas as pastagens abundantes no mês de março podem esconder a falta de capim durante o período seco se o pecuarista deixar de fazer a reserva.
Quando pensamos em uma propriedade de pecuária com solo saudável, pensamos em uma fazenda com estrutura mínima para se trabalhar: com cerca cerada, cerca de divisa corrigida, curva de nível e disponibilidade de bebedouros. Em um passo à frente, desmate programado, instalações e equipamentos para a parte intensiva.
Entre esses passos já é possível pensar em mapear a propriedade e entender melhor seu comportamento e das coisas, tais como ambientes, ecossistemas, do gado, da mão de obra disponível, da rotina de manejo em função das demandas e do próprio fluxo financeiro e capacidade de investimento.
Uma primeira medida é observar onde estão as piores pastagens e programar prazos de descanso (vedação), até mesmo onde há claros sinais de degradação. Dependendo do caixa, pode ser uma boa hora de se promover uma limpeza mais grosseira da área em repouso. Pela propriedade, vale ainda realizar um levantamento florestal.
Em havendo disponibilidade de madeira, ela pode ser importante para vários destinos na fazenda, lembrando que se deve ter cuidado com o que se derruba, em função do Código Florestal. É prudente e profissional uma consulta técnica, antes. Tal madeira pode gerar até um fluxo de caixa inicial para implementar outras ações.
A vedação (pousio) da área de pastagem é tão valorizada, porque por meio dela podemos despertar o solo, nos que diz respeito aos seus aspectos biológicos, e ver a forragem ressurgir com outro vigor.
Colocando uma situação hipotética onde o pecuarista acabou de entrar na propriedade e pouco do aqui desenhado foi feito, agora que estamos no período das águas, sabemos que o potencial máximo do capim forrageiro segue até março. Depois disso, apesar de abundante, ele começa a declinar. É o ambiente que perde luminosidade e umidade.
Então é hora de se providenciar a vedação. Com a estratégia de reduzir a lotação, a propriedade terá volumoso reservado para o período de seca, o pior período do ciclo produtivo e de desenvolvimento animal. Com bem menos animais, o solo descansa, é menos pisoteado e a pouca umidade consegue penetrar. As temperaturas também vão ficar mais amenas.
Exemplificando, se em março a fazenda precisa comercializar 15% dos seus animais para garantir um período seco mais tranquilo, faça-o. Você não vai tomar prejuízo porque estão pagando pouco. Se você o fizer em maio ou junho, pode ter de desovar mais de 30% das cabeças e nada garante preços melhores.
Pior! E se de repente, a seca do ano é ainda mais severa e você se vê sem pasto na fazenda, sem condições de alimentar pelo menos metade do rebanho. Aí você vai ter de sair e comprar feno, silagem, ração concentrada e etc. O caixa vai permitir tudo isso? Então o negócio é ter a fazenda na mão e cumprir um planejamento.
Reportagem publicada na edição de fev/mar de 2022 da revistanelore. Leia a edição completa AQUI.
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