Titular da Fazenda Sucuri e presidente da Associação da Confraria da Carcaça Nelore deixa um imenso legado de luta pela evolução da pecuária de corte nacional
No final de fevereiro, Humberto de Freitas Tavares mais uma vez incorporou nova perspectiva às nossas coisas terrenas. Agora não com seu raciocínio ou palavras, mas fechando um legado que está aí para ser conhecido mais profundamente e transformado em aprendizado contínuo. Entendo que só revendo com bastante atenção tudo que ele disse e fez é que faremos justiça às suas inúmeras contribuições, sejam elas na pecuária, na militância ou em volta de uma boa mesa.
Há pouco mais de dois anos, eu conhecia Humberto. Depois de 33 anos de profissão, confesso que foi um susto abrir os ouvidos para um bovinocultor que falava sobre uma “seleção animal holista”, aquela que procura entender cada indivíduo como um todo, em sua existência e comportamento, mesmo diante de tantas peculiaridades e compartimentação das formas de avaliá-las. Parece-me que a proposta era de ver o boi em todas as nuances de sua existência, das diferenças ao comum.
Mas acho que isso ele acabou ensinando a todos nós. No entanto chamo à atenção, a pessoa Humberto. Penso que ele entendia tudo e todos na mesma toada. Vem daí sua imensa capacidade de ouvir para depois falar pouco e cirurgicamente. Do seu poder de extrair o que era comum entre as partes e construir a conciliação. De buscar na periferia as visões mais distantes e incluir cada uma delas no tempo e no espaço devidos. De aglutinar realidades conflitantes e dar-lhes caminhos paralelos.
Esse foi o nosso primeiro presidente. Falamos de uma liderança sem qualquer vaidade, mas consciente da sua condição de servidor dos seus representados. De alguém cuja presença jamais lembrou a força bruta de um trator, mas apenas uma boa música ambiente que trazia conforto e segurança aos presentes. Vale lembrar que ele não precisava de microfone para falar, já sempre queríamos saber o que ele pensava. O silêncio nos era natural diante das suas palavras e gestos.
Como jornalista, tornou-se uma fonte importante, não para declarações de efeito ou politicamente correta, mas para trazer luz a fatos relevantes e complexos que encontrei, desde então, na minha labuta diária. Foi um presente! Por isso acredito que aqueles que o acompanharam por mais tempo e intensamente têm muita responsabilidade na repercussão de seu legado e nos próximos passos da Confraria. Creio que Humberto não nos deixou o que fazer, mas o como fazer, uma cartilha de muito valor para que todos possam alcançar o sucesso juntos. Seu maior sonho: exatamente essa unidade!
Reportagem publicada na edição de fev/mar de 2022 da revistanelore. Leia a edição completa AQUI.
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