1º Leilão das Fazendas União conta com reconhecimento do mercado e fecha bons negócios em dia de muita confraternização.
O grande gargalo da produção, em qualquer setor, é a comercialização ou, melhor dizendo, o atendimento efetivo de uma demanda de mercado com preço e qualidade esperados por quem consome, aquele que toma a decisão de comprar. E isso é exatamente o que quer a dianteira da bovinocultura de corte moderna – do cientista ao peão – atualmente. As características da carne bovina devem estar sintonizadas com as necessidades de toda a cadeia.
Em 2 de outubro, as Fazendas União do Brasil (FUB) submeteram à apreciação produtos do “novo” Santa Gertrudis, selecionados sob nova ótica há mais de 30 anos. E não foi apenas pela assinatura da grife de Antonio Roberto Alves Corrêa, presidente há alguns mandatos da Associação Brasileira de Santa Gertrudis (ABSG), mas por seu modelo verticalizado de exploração pecuária, que pensa da genética à carne gourmet, sob inovadoras tecnologias.
As propriedades possuem núcleo PO de seleção da raça sintética, de produção de crias provenientes de cruzamento industrial dela com zebuínos, de recria e até engorda em regime intensivo para 2 mil animais (capacidade estática). Mas o melhor de saber é que todo o sistema perde o mínimo de energia e garante sustentabilidade. Todo o volumoso e a parte de grãos do arraçoamento é produzido, em casa. As lavouras são irrigadas e o capim é tratado como cultura.
1º Leilão Fazendas União do Brasil e Convidados
Um final de semana de chuva recebeu o sol de mais de 300 convidados para uma agenda de trabalho e confraternização. Aos presentes, obedecendo rígido protocolo de segurança, em função da pandemia do novo coronavírus, coube conhecer piquetes, lavouras irrigadas com fertiirrigação, tecnologia de compostagem e moderna infraestrutura de confinamento, por meio de espaço convencional, porém coberto, e outro em “compost barn”, uma inovação.
Também contou com a oportunidade de conhecer os animais Santa Gertrudis em prova de ganho de peso e outras apurações (de vários criadores, inclusive da FUB); antes de seguirem para o recinto de leilões (inauguração), projetado pela mesma empresa que levantou as estruturas de confinamento, a AS Pré Moldados, de Diego Simão. Aliás, inovadora, por sinal, já que contornando o recinto, baias recebendo, em exposição, os melhores animais SG do anfitrião. Tudo ali para conferir, confirmar e estimular os negócios.
No cardápio do dia, além da genética provada pelo Geneplus/Embrapa e DGT Brasil, na coleta de informações por Anderson Fernandes, da Breed Consultoria e Assessoria Pecuária, que também dá assessoria técnica ao trabalho da FUB; e o cerimonial de Henrique Cerioni, responsável por todo o marketing do negócio, vieram palavras de boas-vindas de Antonio Roberto e a oportuna palestra de Roberto Barcellos.
Trata-se de um renome na bovinocultura moderna que o Brasil reinventou. Em 30 anos de carreira – primeiros dez como consultor de fazendas e outros dez atendendo os interesses da indústria frigorífica – o palestrante esboçou sua experiência desses últimos dez anos. Ofício e oportunidades de negócio os levaram ao consumidor final de carne, a ponto de, além de assessoria, estruturar um negócio próprio na comercialização de qualidade, uma boutique.
Testemunhos importantes
Barcellos falou de sua carreira e a bênção que recebeu ao, hoje, ter tido a oportunidade de conhecer a dona de casa e fechar, na “cabeça”, a cadeia produtiva da carne bovina. Ele enfatizou o Norte que o produto dá ao trabalho e a importância dos investimentos em tecnologias, entre elas a genética. Não deixou por menos o trabalho da FUB e comentou com detalhes a qualidade do churrasco – produzido por ele e o filho Lucas Barcellos, a partir de um abate técnico da marca – oferecido na mesa, por meio de um animal da grife.
“Quem tiver este produto, em escala e regularidade, todos têm comigo um negócio agora ou logo mais à frente. Falamos de uma carne com todo o perfil necessário para atender o mercado gourmet com competitividade”, ressaltou Barcelos. A FUB está em processo final de lançamento de uma marca própria de carne que abraçará sua produção e de parceiros que queiram compartilhar o processo.
A venda foi organizada em etapas
“Pensamos em oferecer lotes de seleção para o Santa Gertrudis, como fêmeas, prenhezes e até sêmen de reprodutores comprovadamente melhoradores”, explica o técnico, para posterior oferta de tourinhos. Nessa ação para captar investimentos de selecionadores, o celeiro da FUB motivou, por exemplo, Carlos Alberto Pereira Modotti, um nelorista preocupado em produzir qualidade, titular da Fazenda Modotti, em Vilhena (RO).
Modotti é integrante da Associação da Confraria da Carcaça Nelore, entidade que se formou no objetivo de formar uma cadeia produtiva da carne de qualidade – a partir de genética da raça zebu, valorizando seu produto e que agregasse produtividade, com rendimento de área de olho de lombo (AOL); espessura de gordura subcutânea (EGS) e marmoreio entre fibras (MAR). O pecuarista adquiriu um pacote de embriões da linhagem norte-americana.
Seu objetivo no Santa Gertrudis é formar um núcleo PO da raça, conhecendo-a e, mais tarde utilizá-la em possível cruzamento em escala na vacada Nelore e F1. “Para abrir o leque de opções, entendi que era preciso trabalhar com outra raça, com produtividade provada e rústica para suportar bem as condições ambientais do meu trabalho. Então concluí pelo SG, ainda mais avalizado pela FUB, que valoriza carne no seu projeto tanto quanto no meu”, explica.
Depois da bateria de fêmeas, onde a mais valorizada (Polly UB) saiu para o tradicional selecionador da raça Gustavo Barreto, da Fazenda Mangabeira, de Japaranduba (SE), por R$ 46,5 mil; veio outra de embriões e mais uma de sêmen, foi a vez da tourama ganhar o espetáculo. Cerca de 40 deles obtiveram cotação média de R$ 17,2 mil. O destaque de preços ficou por conta de Osiris da Taquari, R$ 34,5 mil, adquirido por Demy Martins Maia, de Carneirinho (MG). A média geral das fêmeas foi de R$ 28,2 mil.
Voltando às compras no SG
Os compradores de touros foram bastante democráticos e a oferta ficou bem distribuída. Quem retomou negócios com Santa Gertrudis foram Anísio e Marcio Braga (pai e filho), com três propriedades de ciclo completo no Tocantins, com gestão autônoma. Marcio Braga conta que a pecuária na família vem de gerações e começou em São José do Rio Preto (SP).
Depois que Anísio bateu asas e venceu na vida, há 35 ou 40 anos, retomou a atividade no novo Estado amazônico. Marcio conta que as propriedades estão em tecnificação e contam com lavouras de boa produtividade, basicamente para alimentar o gado no período seco. Neste momento, os Braga procuram parceiros para explorar mais os benefícios da terra na produção de grãos em escala. “Queremos adquirir ‘know how’ e avançar na diversificação de produtos’, diz o produtor.
“O investimento em genética é constante e a preocupação é melhorar o rebanho, incrementando os índices zootécnicos e reduzindo o ciclo, uma vez que nos preocupamos com a recria até engorda e entrega dos animais no frigorífico”, explica Marcio. Tudo isso se dá a partir do cruzamento industrial e, pelas condições ambientais, a adaptabilidade do Santa Gertrudis foi a que melhor respondeu em quilos de carne, com rendimento e qualidade. “Falamos de uma raça efetivamente precoce no ganho de peso e terminação, quando falamos em ambiente adverso”, finaliza.
Um anfitrião satisfeito
“O leilão, além de uma oportunidade ímpar de reencontro com amigos criadores, foi muito bem conduzido pela Central Leilões. Os resultados financeiros foram muito satisfatórios para todos os participantes e o mais importante foi ver a divulgação e crescimento da raça Santa Gertrudis, com 31 compradores de dez estados do Brasil. Isto nos dá alegria, entusiasmo e força para continuarmos no projeto de levar carne de qualidade ao prato do consumidor brasileiro, que cada vez mais está se tornando exigente e sabe escolher”. Assim avaliou o remate, Antonio Roberto, titular da FUB.
1º Leilão Fazendas União do Brasil também trouxe produtos para comercialização de convidados como os parceiros Sergio Oliveira Cury, Fazenda Mangabeira, Fazenda Malagueta, Lucam Agropastoril, Henricus Joseph Beckers, Márcio Cabral Magano e José Roberto Marcelino dos Santos. A promoção contou com transmissão do Canal do Criador e organização da Central Leilões. João Campo esteve no comando do martelo. O frete foi gratuito, guardada as limitações da malha viária e restrições sanitárias.
Reportagem publicada na edição de novembro de 2021 da revistanelore. Leia a edição completa AQUI.
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